O Parlamento açoriano aprovou nesta sexta-feira uma iniciativa que visa incentivar a produção de leite na ilha de São Jorge.

A deputada Catarina Cabeceiras do CDS-PP explanou as particularidades do setor leiteiro em São Jorge face às restantes ilhas do arquipélago, já que a produção de leite é absorvida pela elaboração do “Queijo de São Jorge”, um Produto de Denominação de Origem Protegida que implica elevados critérios de exigência na produção com base no leite em cru. É por este motivo que “produzir um litro de leite em São Jorge é mais difícil”.

No entender da deputada, “esta produção de excelência justifica, por parte do Governo Regional, a adoção de uma medida de apoio direto aos produtores de leite em São Jorge a partir de 2023, no âmbito do novo quadro comunitário de apoio, por via do Programa POSEI que reconhece e apoia a diferenciação produtiva das Regiões Ultraperiféricas.”

A realidade é que “o setor leiteiro atravessa um período difícil”, por uma série de razões que entroncam não só, mas também, no aumento dos custos de produção que se verifica inclusive a nível europeu. “A indústria estima uma quebra de entrega de leite do final do ano de 3,8 milhões de litros, entrando nas cooperativas 25,4 milhões de litros de leite, quando em 2021 entraram 29,2 milhões de litros de leite”, avançou a deputada. “Isto é, estamos a falar de uma redução na ordem dos 13%, quando para a sustentabilidade do setor precisamos de 27,5 milhões de litros de leite por ano. Ou seja, hoje a sustentabilidade do setor está em causa”.

“Os produtores estão desanimados, pelo que urge intensificar uma trajetória de valorização do leite ao produtor, motivando os produtores de leite, para que estes mantenham a atividade, que aumentem a produção nos casos possíveis e que surjam novos produtores”, defendeu a deputada do CDS-PP, frisando que “este setor é um pilar na economia local de São Jorge e dele dependem muitos agregados familiares.”

Nisto, Catarina Cabeceiras salientou “a importante atuação do Governo Regional, por exemplo com o fim dos rateios”. Reconheceu igualmente o “esforço da indústria do queijo de São Jorge, especialmente das cooperativas, em valorizar a sua matéria-prima”, recordando que “ainda recentemente foi anunciado mais um aumento do preço do litro de leite, que a partir de novembro terá um valor padrão de 45 cêntimos mais bónus, acrescido da bonificação.” A indústria estima que o preço médio anual fique nos 38,8 cêntimos, quando no ano de 2021 a média anual foi de 28,8 cêntimos, tendo o setor reportado que este esforço só é possível dado o volume de vendas do queijo e o volume de negócios das cooperativas de São Jorge.

Por isso, Catarina Cabeceiras aponta como “fundamental consolidar os mercados já existentes e alcançar novos mercados para o Queijo de São Jorge”, reiterando, como previsto na iniciativa aprovada nesta sexta-feira, que deve ser feita uma aposta “na inovação do queijo produzido pelas Cooperativas” e que se promovam “ações de marketing, por forma a conseguir-se a valorização do Queijo de São Jorge, e consequente repercussão no rendimento dos produtores”.

Recorde-se, a propósito, que o Plano Regional Anual de Investimentos para 2021 incluiu, por iniciativa do Grupo Parlamentar do CDS-PP, uma medida para a promoção do Queijo de São Jorge de forma diferenciada, que motivou a deslocação de vários jornalistas à ilha para o efeito.